APRENDIZAGEM DE RECURSOS DIGITAIS POR IDOSOS É TEMA DE PESQUISA NA UFSCar
O processo de envelhecimento humano, assim como a revolução tecnológica, são contínuos e ocorrem de modo acelerado. Com o objetivo de saber como se dá o processo de aprendizagem de recursos digitais por idosos, a doutoranda Brunella Della Maggiori Orlandi desenvolve, no Programa de Pós-Graduação em Ciência, Tecnologia e Sociedade (PPGCTS) da UFSCar, a pesquisa "A inclusão digital das pessoas idosas: um olhar sobre o campo CTS".
O processo de envelhecimento humano, assim como a revolução tecnológica, são contínuos e ocorrem de modo acelerado. Com o objetivo de saber como se dá o processo de aprendizagem de recursos digitais por idosos, a doutoranda Brunella Della Maggiori Orlandi desenvolve, no Programa de Pós-Graduação em Ciência, Tecnologia e Sociedade (PPGCTS) da UFSCar, a pesquisa "A inclusão digital das pessoas idosas: um olhar sobre o campo CTS". "Proponho analisar a temática das novas tecnologias digitais junto à esta população, segmento que mais cresce, segundo o IBGE", explica Brunella.
A pesquisa tem orientação do professor Wilson José Alves Pedro, do Departamento de Gerontologia da UFSCar, e visa identificar e caracterizar os programas de Inclusão Digital existentes no Brasil e em Portugal, e cruzar os dados para que seja obtido o perfil das políticas públicas para a Inclusão Digital de pessoas idosas em ambos os países. "A proposta também visa identificar o perfil dos usuários idosos dos programas de Inclusão Digital", conta Brunella.
Por meio de visitas técnicas às instituições, o projeto está sendo realizado em duas etapas distintas, sendo a primeira o levantamento dos programas de Inclusão Digital existentes em ambos os países, e a segunda será traçar o perfil da instituição. Todas as análises estão sendo feitas por questionários e entrevistas aplicados junto às instituições.
Em Portugal, Brunella está estudando as instituições ligadas à Rede de Universidade Seniores (RUTIS), uma associação particular que auxilia as universidades do país europeu a promover o envelhecimento ativo. Para mapear os locais no Brasil, Brunella escolheu a região de São Carlos, interior paulista, coberta pelo Departamento Regional de Saúde III, responsável por coordenar as atividades da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, que formula, por meio dos princípios do Sistema Único de Saúde, a Política Estadual de Saúde e suas diretrizes. "Esta região é composta por 24 municípios totalizando cerca de 980 mil habitantes, sendo que 12% representa o número de pessoas idosas", relata.
A pesquisadora vai começar neste mês de setembro a levantar quais instituições no Brasil oferecem o ensino de tecnologias digitais para idosos. “Creio que vão ser instituições públicas ligadas ao município ou ao estado”, relata.
População idosa
O envelhecimento é caracterizado pelo crescimento dos idosos em relação a outras faixas etárias. Fatores como aumento da expectativa de vida, que no início do século XX era de 33 anos e atualmente está em torno dos 75 anos (projeções indicam que em 2025 a expectativa será de 77,8 anos); a diminuição da taxa de fecundidade e natalidade, devido à mudança no cotidiano da família brasileira e à inserção da mulher no mercado de trabalho; e, por fim, a queda da taxa de mortalidade decorrente do aumento da expectativa de vida evidenciam o aumento do número dessa população. "Atualmente existem 650 milhões de idosos (acima de 60 anos) no mundo, sendo que 80% vivem em países em desenvolvimento", afirma Brunella.
Desenvolvimento da pesquisa
A doutoranda explica que, assim como o Brasil, Portugal acompanha a tendência demográfica, com redução efetiva da faixa etária de jovens e o aumento progressivo de pessoas idosas. Os países pesquisados por Brunella foram escolhidos pela questão histórica e por existir já um canal aberto para a pesquisa. “O Brasil por ser o país que estamos e Portugal, pois o Wilson, meu orientador, fez seu pós-doutorado por lá e tinha contato com professores e pesquisadores em Lisboa. Outro fator importante na escolha por Portugal, foi a questão de ser um dos países da Europa com a maior número de idosos”, avaliou.
A pesquisa de Brunella pretende verificar como a população idosa inserida nos locais estudados está envolvida com a tecnologia. Em Portugal ela já terminou a coleta de dados. “Entrevistei 13 Universidades Seniores e todas possuem atividades para a promoção da inclusão digital para idosos”, conta. A pesquisadora verificou que em Portugal já está bem mais enraizado o processo de ensino de recursos digitais para idosos no contexto do País. “Eles acreditam que é importante que todos dominem os recursos tecnológicos digitais, incluindo os idosos”, relata Brunella.
Para que haja uma convergência entre idosos e tecnologia que resulte em melhorias para a inclusão digital do indivíduo idoso, Brunella relata que “é preciso ter metodologia específica, direcionada à essa população alvo que possui características distintas, para que o processo de ensino-aprendizagem seja mais efetivo". Com isso ela diz que é necessário que os municípios promovam mais atividades de inclusão para a população com tal metodologia. “Mas será que existe uma metodologia? A resposta até agora é não, então o motivo desta tese estar sendo desenvolvida, é levantar quais são os processos pedagógicos, para então propormos uma questão metodológica de ensino para os idosos”, argumenta a pesquisadora.
Brunella comenta que a temática apresentada se faz importante, principalmente, por ser o grupo populacional que mais cresce no mundo, e o domínio da tecnologia digital deve ser promovida e incentivada para esta população. “Todos nós somos capazes de aprender qualquer novo domínio, e isso inclui os idosos”.
Joaquim Nery tem 81 anos. Ele fez um curso gratuito de computação básica com a Brunella em 2013. "Minha esposa também fez o curso comigo. Compramos um computador, depois ganhei um celular e fui usando os equipamentos. Aprendi mais um pouquinho praticando e com minha família. Foi muito bom ter contato com informações, conversar com outras pessoas e acessar lugares pelo computador e pelo celular. Incrível saber quantas informações conseguimos obter. Tenho muita vontade de aprender mais a usar os recursos digitais", respondeu Joaquim em entrevista concedida pelo Facebook.
A pesquisadora diz que o contato com familiares que estão longe, a utilização de sites com vídeos, o uso dos recursos para aprender determinadas ações como tricô e receitas, pagar contas, socializar em redes sociais e pesquisar notícias e informações sobre saúde, por exemplo, são fatores que levam os idosos a querer aprender sobre a tecnologia digital. “E os benefícios são muitos e envolvem a diminuição de casos de depressão, maior 'socialização' e, com isso, podendo levar à uma melhora na qualidade de vida”, finaliza Brunella.
A pesquisa tem orientação do professor Wilson José Alves Pedro, do Departamento de Gerontologia da UFSCar, e visa identificar e caracterizar os programas de Inclusão Digital existentes no Brasil e em Portugal, e cruzar os dados para que seja obtido o perfil das políticas públicas para a Inclusão Digital de pessoas idosas em ambos os países. "A proposta também visa identificar o perfil dos usuários idosos dos programas de Inclusão Digital", conta Brunella.
Por meio de visitas técnicas às instituições, o projeto está sendo realizado em duas etapas distintas, sendo a primeira o levantamento dos programas de Inclusão Digital existentes em ambos os países, e a segunda será traçar o perfil da instituição. Todas as análises estão sendo feitas por questionários e entrevistas aplicados junto às instituições.
Em Portugal, Brunella está estudando as instituições ligadas à Rede de Universidade Seniores (RUTIS), uma associação particular que auxilia as universidades do país europeu a promover o envelhecimento ativo. Para mapear os locais no Brasil, Brunella escolheu a região de São Carlos, interior paulista, coberta pelo Departamento Regional de Saúde III, responsável por coordenar as atividades da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, que formula, por meio dos princípios do Sistema Único de Saúde, a Política Estadual de Saúde e suas diretrizes. "Esta região é composta por 24 municípios totalizando cerca de 980 mil habitantes, sendo que 12% representa o número de pessoas idosas", relata.
A pesquisadora vai começar neste mês de setembro a levantar quais instituições no Brasil oferecem o ensino de tecnologias digitais para idosos. “Creio que vão ser instituições públicas ligadas ao município ou ao estado”, relata.
População idosa
O envelhecimento é caracterizado pelo crescimento dos idosos em relação a outras faixas etárias. Fatores como aumento da expectativa de vida, que no início do século XX era de 33 anos e atualmente está em torno dos 75 anos (projeções indicam que em 2025 a expectativa será de 77,8 anos); a diminuição da taxa de fecundidade e natalidade, devido à mudança no cotidiano da família brasileira e à inserção da mulher no mercado de trabalho; e, por fim, a queda da taxa de mortalidade decorrente do aumento da expectativa de vida evidenciam o aumento do número dessa população. "Atualmente existem 650 milhões de idosos (acima de 60 anos) no mundo, sendo que 80% vivem em países em desenvolvimento", afirma Brunella.
Desenvolvimento da pesquisa
A doutoranda explica que, assim como o Brasil, Portugal acompanha a tendência demográfica, com redução efetiva da faixa etária de jovens e o aumento progressivo de pessoas idosas. Os países pesquisados por Brunella foram escolhidos pela questão histórica e por existir já um canal aberto para a pesquisa. “O Brasil por ser o país que estamos e Portugal, pois o Wilson, meu orientador, fez seu pós-doutorado por lá e tinha contato com professores e pesquisadores em Lisboa. Outro fator importante na escolha por Portugal, foi a questão de ser um dos países da Europa com a maior número de idosos”, avaliou.
A pesquisa de Brunella pretende verificar como a população idosa inserida nos locais estudados está envolvida com a tecnologia. Em Portugal ela já terminou a coleta de dados. “Entrevistei 13 Universidades Seniores e todas possuem atividades para a promoção da inclusão digital para idosos”, conta. A pesquisadora verificou que em Portugal já está bem mais enraizado o processo de ensino de recursos digitais para idosos no contexto do País. “Eles acreditam que é importante que todos dominem os recursos tecnológicos digitais, incluindo os idosos”, relata Brunella.
Para que haja uma convergência entre idosos e tecnologia que resulte em melhorias para a inclusão digital do indivíduo idoso, Brunella relata que “é preciso ter metodologia específica, direcionada à essa população alvo que possui características distintas, para que o processo de ensino-aprendizagem seja mais efetivo". Com isso ela diz que é necessário que os municípios promovam mais atividades de inclusão para a população com tal metodologia. “Mas será que existe uma metodologia? A resposta até agora é não, então o motivo desta tese estar sendo desenvolvida, é levantar quais são os processos pedagógicos, para então propormos uma questão metodológica de ensino para os idosos”, argumenta a pesquisadora.
Brunella comenta que a temática apresentada se faz importante, principalmente, por ser o grupo populacional que mais cresce no mundo, e o domínio da tecnologia digital deve ser promovida e incentivada para esta população. “Todos nós somos capazes de aprender qualquer novo domínio, e isso inclui os idosos”.
Joaquim Nery tem 81 anos. Ele fez um curso gratuito de computação básica com a Brunella em 2013. "Minha esposa também fez o curso comigo. Compramos um computador, depois ganhei um celular e fui usando os equipamentos. Aprendi mais um pouquinho praticando e com minha família. Foi muito bom ter contato com informações, conversar com outras pessoas e acessar lugares pelo computador e pelo celular. Incrível saber quantas informações conseguimos obter. Tenho muita vontade de aprender mais a usar os recursos digitais", respondeu Joaquim em entrevista concedida pelo Facebook.
A pesquisadora diz que o contato com familiares que estão longe, a utilização de sites com vídeos, o uso dos recursos para aprender determinadas ações como tricô e receitas, pagar contas, socializar em redes sociais e pesquisar notícias e informações sobre saúde, por exemplo, são fatores que levam os idosos a querer aprender sobre a tecnologia digital. “E os benefícios são muitos e envolvem a diminuição de casos de depressão, maior 'socialização' e, com isso, podendo levar à uma melhora na qualidade de vida”, finaliza Brunella.